A paixão adolescente por um brasileiro que conheceu na França fez a cantora italiana Cristina Renzetti abandonar o rock e, aos 18 anos de idade, adotar o Brasil como a sua “pátria musical”. Depois de cinco anos dedicados ao rock independente, cantando e tocando guitarra em bandas de escola, a cantora veio ao Brasil atrás do namorado e essa viagem fez a sua vida musical mudar completamente. “Um mês depois, voltei pra Itália, larguei a minha banda e comecei a ouvir música brasileira. Voltei pra casa com uns 50 CDs. Até aprendi a falar português”, lembra ela.
No ano seguinte, Cristina montou uma banda de música brasileira em Bolonha, sua cidade natal e começou a estudar canto e violão enquanto cursava a faculdade de Literatura. “Quando terminei o curso, aos 24, decidi que queria ser cantora profissional”. A partir daí, ela começou a compor em parceria com Rocco Casino Papia, parceiro musical com quem formou a banda “Jacaré”, que se tornou o seu principal trabalho na Itália. A “Jacaré” tem dois discos lançados, ambos com composições em italiano e português e já saiu em turnê duas vezes, com direito a apresentações no Brasil.
Em 2006, Cristina resolveu voltar ao Brasil. “Passei quatro meses fazendo estágio no Instituto de Cultura Italiana, comecei a namorar e aí começou a minha vida no Brasil. Desde então, estou praticamente vivendo entre Brasil e Itália”, conta ela. Depois de cantar nos bares da Lapa, reduto musical da boemia carioca – “Foi uma honra pra mim” -, Cristina decidiu gravar seu primeiro disco solo. O álbum Origem é Giro saiu em 2011 e traz canções da nova geração da música brasileira, músicas italianas do século XIX e ainda composições autorais.
“Eu fui influenciada pelas minhas duas vidas, pelos dois hemisférios”, afirma ela, que tem como referência artistas brasileiros como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina e Milton Nascimento. O indie rock propriamente dito, Cristina abandonou. Mas seu novo disco ainda traz uma sonoridade roqueira. “É uma sonoridade que tem baixo, bateria, guitarra. Resolvi me afastar um pouco da sonoridade mais acústica e mais jazzística da minha banda italiana, para uma um pouco mais elétrica, que remete as minhas primeiras paixões musicais”, diz.
Há cinco anos se dividindo entre suas duas “pátrias”, Cristina não se vê nesse vai-e-vem por muito tempo: “Vou fazer 30 anos. Acho que vai ter um momento em que vou decidir a minha casa principal”.
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Fonte: Som Brasil