21 de ago. de 2009
Sintonia::: Especial Raul Seixas
Sobre Raul
Raul Seixas - Maluco Beleza
Nascido em Salvador, em 1945, possui 19 discos em sua carreira artística. Seu primeiro disco foi Raul e os Panteras, lançado em 1968, durante a vigência da Ditadura Militar no Brasil, porém não foi um sucesso. Durante este período, iniciam-se as censuras por todo o país e Raul passa a ser um dos artistas que sofrem com a perseguição pelas suas músicas.
Com o terceiro disco Krig-Ha, Bandolo! é que inicia seu primeiro reconhecimento junto ao seu público e crítica. Deste trabalho estão suas composições que se tornariam clássicas em seu repertório musical: "Ouro de Tolo", "Metamorfose Ambulante" e a irreverente "Mosca na Sopa". A década de 1970 viria a ser o auge de sua carreira com lançamento de ótimos discos e músicas como Gitá (1974), Novo Aeon (1975), Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás (1976), Rock Raul Seixas (1977) e O Dia Em Que a Terra Parou (1978) (de onde sairia o seu maior clássico "Maluco Beleza"), que marcariam para sempre na sua arte, além de sua parceria de sucesso com Paulo Coelho (hoje escritor renomado nacionalmente) e das fortes repressões militares que sofreu, principalmente por não compreenderem seus ideais filosóficos da chamada "Sociedade Alternativa", inspirada no escritor ocultista britânico Aleister Crowley, tendo que ser exilado nos Estados Unidos.
Na década de 1980, Raul continuou a fazer alguns discos de sucesso como Abre-te Sésamo ( 1980) e Metrô Linha 743 (1984), embora sua carreira começava a ficar comprometida devido a problemas com álcool. Nesse período participou de um especial infantil "Plunct Plact, Zum!", da TV Globo (inspirado no seu sucesso "Carimbador Maluco" que canta no programa) e inicia parceria com outro roqueiro baiano Marcelo Nova, líder do grupo Camisa de Vênus onde lançariam alguns grandes sucessos como "Muita Estrela, Pouca Constelação" (do disco do Camisa de Vênus - Duplo Sentido, de 1987) e "Carpinteiro do Universo" (do disco de Raul - A Panela do Diabo, de 1989). Sua morte no dia 21 de agosto de 1989, em seu apartamento no Rio de Janeiro por consequência de uma parada cardíaca, pegou muitos fãs e admiradores de surpresa, pouco tempo depois do lançamento do disco A Panela do Diabo. A partir daí, Raul passou a ser visto como uma lenda e um mito do rock brasileiro.
20 Anos Sem Raul Seixas
Cantou de tudo, até mesmo para a morte que o abraçou aos 54 anos no dia 21 de agosto de 1989, sendo esta música que inicio minha homenagem do dia para este grande cantor e compositor: "Canto Para Minha Morte" (Raul Seixas/Paulo Coelho):
20 de ago. de 2009
Último Desejo
Ney Matogrosso e Raphael Rabello - Último Desejo
No dia do seu aniversário, na noite de 11 de dezembro de 1936, seis meses antes de morrer, Noel de Medeiros Rosa fez o último pedido à dançarina de Cabaré, Juraci Correia de Araújo – a Ceci -, a grande paixão da sua vida. "Gostaria que passássemos a noite juntos", disse, apoiado nas garrafas de cerveja sobre uma das mesas do bar Taberna da Glória, no Rio de Janeiro.
A lembrança daquele episódio e a memória do amor do poeta da Vila Isabel pela dançarina seriam eternizadas naquela que é a obra-prima entre as 230 composições deixadas por Noel Rosa nos seus curtos e intensos 26 anos e meio de vida: Último Desejo. Música de melodia simples, mas requintada, e com uma letra notadamente autobiográfica, assim como grande parte dos sambas de Noel, foi um de seus maiores sucessos.
A canção em que Noel cria "música exata para sua própria poesia", segundo os críticos Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, , ficou conhecida na voz de Aracy de Almeida (1914-1988), a grande intérprete do compositor. Foi ela quem primeiro gravou Último Desejo, em 1937, dois meses depois da morte do poeta da Vila. Contudo, uma versão foi gravada por Marília Batista (1918-1990), outra cantora assídua dos sambas de Noel. Essa versão continha uma melodia diferente e uma inserção de piano arranjada pelo compositor paulista Osvaldo Gogliano, o Vadico, parceiro de Noel. Uma longa polêmica se estabeleceu entre as cantoras pelo veredicto de quem seria a dona da melhor interpretação. Nunca houve consenso pela crítica.
Os amores e o Rio de Janeiro foram algumas das maiores inspirações para os sambas de Noel, que nunca deixou de lado a crítica social. Cantou muitas vezes a Vila Isabel, bairro onde nasceu e de onde nunca saiu. Descreveu as gírias, a malandragem carioca, os males da modernidade e as desilusões amorosas. Apesar de se casar com a jovem Lindaura em 1934, nunca se esqueceu da dançarina de 16 anos que conheceu no Cabaré Apolo, no bairro carioca da Lapa e o deixou para ficar com o autor de Ai, que Saudades da Amélia, o compositor Mário Lago. Noel eternizou aquele primeiro encontro com Ceci nos primeiros versos de Último Desejo: "Nosso amor que não esqueço/ E que teve seu começo/ Numa festa de São João/ Morre hoje sem foguete/ Sem retrato e sem bilhete/ Sem luar sem violão".E encerrou a composição com sarcasmo: "Às pessoas que eu detesto/ Diga sempre que eu não presto/ Que meu lar é o botequim/ Que eu arruinei sua vida/ Que eu não mereço a comida/ Que você pagou pra mim".
Noel fez questão de que a musa Ceci fosse uma das primeiras pessoas a conhecer a letra de Último Desejo. Já debilitado pela tuberculose que o mataria, recebe Vadico, com quem havia dividido a autoria de outros sambas inspirados em seu amor por Ceci, com Pra que mentir e O Maior Castigo que Eu Te Dou. Cantarolou nota por nota para seu amigo, que transcreveu a melodia para a pauta e se comprometeu a fazer um arranjo de piano. "Quero mais um favor seu, Vadico. Gostaria que você desse uma cópia da letra para Ceci", pediu Noel.
Cumprindo aquele que era o último desejo do amigo, Vadico levou a letra para Ceci no início de uma noite, quando ela começava o expediente em uma boate. "O que é?", perguntou a dançarina, confusa. "É um samba de Noel", respondeu Vadico. "É pra mim?", ela perguntou. "Ele pediu que te desse." Antes de virar as costas, o parceiro de Noel comentou: "Acho que ele te castiga um pouco nesse samba, Ceci".
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Colaboração: Fabio Eça
19 de ago. de 2009
O Samba de Teresa Cristina
"Candeeiro" (Teresa Cristina)
Biografia de Teresa Cristina
Fonte: Dicionário MPB
REVELAÇÃO MPB: Teresa Cristina
Teresa Cristina Macedo Gomes. Nome de uma das novas revelações da música popular brasileira que viria a ficar conhecida nacionalmente como Teresa Cristina.
A nova voz feminina do samba nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira no bairro da Lapa, cantando no Bar Semente, nome que daria ao grupo que a acompanharia em seus shows. A cantora, e também compositora, já tem três cds gravados e sempre recebendo ótimos elogios da crítica do público que a prestigia.
Nesta quarta-feira, dedicarei o dia para todos conhecerem o trabalho desta nova e competente sambista da música brasileira.
18 de ago. de 2009
Top 15: Madonna
Madonna Popstar
Madonna - Celebration
No início da carreira, Madonna conseguiu contrato com Freddy DeMann (ex-empresário de Michael Jackson) e no estúdio passou a gravar futuros hits como "Everybody" e "Burning Up". Com o lançamento do primeiro disco, a cantora já era nome famoso na Austrália, Alemanha, Holanda e Japão e, por isso, as músicas "Boderline" e "Holiday" não tiveram dificuldades de chegar nas paradas do sucesso, dando início a sua consagradora carreira que viria nos álbuns seguintes, bem como nas participações de alguns filmes no cinema, além de mudar um padrão de comportamento e tabus na época.
A década de 1990 marca uma nova fase para a cantora como o nascimento de sua filha Lourdes Maria Ciccone Leon (carinhosamente apelidada de Lola), além de novos discos e experimentações musicais. Numa das cerimônias da entrega do Oscar (prêmio máximo do cinema), a cantora fez uma grande apresentação e apareceu ao lado de outro grande astro da música pop Michael Jackson. Em 1997, lança o filme e a trilha sonora de Evita que lhe rende um Globo de Ouro por sua atuação. Em 1998, lança o disco Ray of Light, o disco mais inovador de sua carreira que trazia músicas como "Ray of Light" e "Frozen", sendo um grande sucesso de público e crítica, onde rompe com os padrões dos anos 80 e ganha 5 Grammys (o prêmio mais importante da música), sendo o álbum mais premiado do ano. O sucesso repetiria nos discos seguintes sempre com novidades.
Mesmo já tendo passado dos 50 anos de idade, Madonna ainda canta, dança e faz turnês. Atualmente a cantora está trabalhando na continuação de sua turnê "Sticky and Sweet Tour", que já é considerada a turnê feminina mais lucrativa de toda a história, recorde que a cantora já havia quebrado com a "The Confessions Tour", em 2006. O disco Celebration será lançado neste ano de 2009.
Nota do blog (atualização em 19/08/2013): Seu último trabalho foi lançado em 2012 com o cd MDNA. Para este ano de 2013 em que comemora 30 anos de carreira, Madonna prepara-se para lançar novos trabalhos após turnê do último disco.
Celebration: A Volta de Madonna
No início foram três anos estonteantes. Neste mínimo espaço de tempo, o mundo conheceu, testou, popularizou, celebrizou, amou e odiou uma cantora que, a princípio, não oferecia tantas qualidades que a distinguissem na música pop. Como num conto de fadas, esta estrela americana galgou a escada do sucesso com voracidade, determinação e enorme rapidez que, quando o mundo se deu conta, Madonna Louise Veronica Ciccone havia virado Madonna, a popstar.
Para quem não conseguiu avaliar até hoje a extensão do seu sucesso, alguns fatos e números atestam e esclarecem a sua conquista:
A discografia de Madonna inclui onze álbuns de estúdio, três compilações, duas compilações de remixes, três trilhas sonoras e dois álbuns ao vivo. Já emplacou vários hits em todos os continentes, atualmente é a artista feminina mais bem sucedida de todos os tempos que agora voltará com Celebration: The Ultimate Greatest Hits Collection, uma compilação de seus grandes sucessos remasterizados em cd duplo, simples e dvd que inclui ainda vídeos inéditos e duas novas músicas gravadas em Nova York, com previsão de lançamento para 28 de setembro.
17 de ago. de 2009
Sintonia::: Especial Nara Leão
"Nara"
Nara
(Joyce e Roberto Menescal)
Paira
A lua tonta sobre o mar do Leme
E estende gentilmente as asas pálidas
Anunciando que já está na hora
Chora
Copacabana em luzes imprecisas
Delicadezas piscam feito lágrimas
Brilhando mansamente à luz da aurora
Na paisagem de Nara
Há músicas de todos os matizes
Nas cores de Nara
O Rio amanhecendo em mil canções
Nas manhãs de Nara
Recordações de tempos tão felizes
Os sonhos,
Que alimentaram nossas gerações
Ô, Nara
Mil sambas, mil poetas te bendizem
E ecoam de Ipanema às margens plácidas
Iluminando o céu da Guanabara.
Cantores do Rádio
A amizade de Nara Leão com Chico Buarque (de quem gravou vários sucessos e fez duetos memoráveis como "João e Maria") e Maria Bethânia lhe rendeu alguns trabalhos interessantes. A música "Cantores do Rádio", de Lamartine Babo, João de Barro e Alberto Ribeiro, gravada inicialmente por Carmen Miranda e sua irmã Aurora Miranda para o carnaval de 1936, foi incluida pela primeira vez numa trilha sonora de cinema no filme Alô Alô Carnaval, dirigido por Ademar Gonzaga. Muito tempo depois, em 1972, Cacá Diegues dirige o filme Quando o Carnaval Chegar (que rendeu um disco com mesmo nome) tendo Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão como estrelas da produção e a música "Cantores do Rádio" torna-se um dos grandes sucessos do filme com a presença dos três cantores. Aqui, o clipe - uma contribuição da comunidade "Maria Bethania Re(Verso)", do orkut - faz parte de um especial da TV Manchete, onde os três relembram o sucesso da música, em 1988.
Nara - Opinião
Opinião
(Zé Keti)
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não.
Se não tem água,
Eu furo um poço
Se não tem carne,
Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar
Falem de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu.
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"Meu nome é Nara Lofego Leão. Nasci em Vitória, mas sempre vivi em Copacabana. Não acho que porque vivo em Copacabana só posso cantar determinado estilo de música. Se cada um só pudesse cantar o lugar onde vive, que seria de Baden Powell que nasceu numa cidade chamada Varre e Sai? Ando muito confusa sobre as coisas que devem ser feitas na música brasileira, mas vou fazendo. Mas é mais ou menos isso. Eu quero cantar todas as músicas que ajudem a gente a ser mais brasileiro, que façam todo mundo querer ser mais livre, que ensinem a aceitar tudo, menos o que pode ser mudado".
(Registro de Nara no show "Opinião")
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O show "Opinião" é o registro dos momentos mais emocionantes do espetáculo que se tornou o maior sucesso do teatro brasileiro, na voz de Nara Leão, Zé Keti e João do Vale que atuavam como atores-cantores. O roteiro foi escrito por Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa no ano de 1964, início da Ditadura Militar no Brasil, e sua estréia se deu no dia 11 de dezembro daquele ano, no teatro do Shopping Center Copacabana (sede do Teatro de Arena no Rio), tornando-se um marco da resistência cultural.
Com direção musical de Dori Caymmi, os atores cantavam e falavam no show. Incluiam letras de Vinicius de Moraes, versos de João Cabral de Melo Neto e citações do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, além dos sambas de João e Keti. Também contou com a colaboração do ator e diretor Gianfrancesco Guarnieri e do compositor Carlos Lyra. Além da música "Opinião", também entravam no repertório: "Carcará" (música de protesto marcante na voz de Nara e mais tarde por Maria Bethânia), "Missa Agrária", "Tiradentes", entre outras.
A direção geral do show foi de Augusto Boal. No dia 30 de janeiro de 1965, Suzana de Moraes (filha do poeta Vinicius de Moraes) substitui Nara Leão no show até o dia 13 de fevereiro do mesmo ano, quando Maria Bethânia estréia profissionalmente no show, por indicação da própria Nara que saiu por problemas de saúde. Dez anos mais tarde, no dia 23 de maio, acontece a segunda montagem do show "Opinião" contando com Zé Keti, João do Vale e a cantora Maria Medalha, com direção musical de Roberto Nascimento e direção geral de Bibi Ferreira.
16 de ago. de 2009
Nara Leão - Homenageada do dia
Dona de uma voz peculiar, a "musa da bossa-nova" passou a resgatar sambas, apostar e revelar novos talentos para a música brasileira. Foi estrela do show Opinião, sendo aclamado pelo público e crítica, ao lado de João do Vale e Zé Keti, em 1964, mas que sairia logo depois por problemas de saúde dando lugar a Maria Bethânia. Participou do 2° Festival Internacional da Canção de 1966, na TV Record, interpretando a música "A Banda", de Chico Buarque ganhando o primeiro lugar, empatando com "Disparada", de Geraldo Vandré e interpretada por Jair Rodrigues. Aderiu ao movimento tropicalista de Caetano Veloso e Gilberto Gil, participando do disco Tropicália ou Panis Et Circensis.
Há 20 anos completados em 07 de junho, a cantora Nara Leão deixou uma lacuna na música brasileira, mas sua obra a consagraria como uma das grandes intérpretes que a música brasileira já conheceu. É a cantora homenageada do dia.