25 de set. de 2011

Entrevista com Kiko Zambianchi

Kiko Zambianchi - Hey Jude

Kiko Zambianchi cedeu entrevista em seu estúdio à jornalista Virgínia Origuela para o jornal virtual Gosto de Ler, do Portal Parnanet. Aqui ele fala um pouco de sua vida, sobre o rock e sobre a música atual, entre outros pontos. Confiram!
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1) Como se deu o início da carreira?
A origem de tudo foi quando peguei o violão do meu avô e comecei a tocar, depois disso tocava em uma igreja protestante. Com 13 anos na escola participei de um festival e como o prêmio ia até o 5 lugar, quem não ganhava ficava em 6 lugar e esta foi minha colocação. Depois fiquei 1 ano compondo músicas que ficassem legais para participar do próximo festival. Resultado ganhei em 1 lugar, tomando “Gosto pela coisa”. A partir daí fiz shows no interior e com 15 anos já estava trabalhando com música.

2) Você é conhecido por ser um dos principais compositores e guitarristas dos anos 80. Você vê alguma diferença na música de hoje com relação às de antigamente?
Eu não me vejo como um bom guitarrista, mas um compositor, até como cantor eu acho que sou bom compositor. Hoje está mais fácil fazer música por causa da tecnologia, têm um monte de músico que não consegue pegar o instrumento e tocar, a grande maioria não sabe nem o que é afinação. Porque não precisa cantar e falar. Então estas são as diferenças, para mim a questão da sintonia musical, a qualidade do som, mas ainda existem pessoas que tocam violão e cantam um bom som.

3) Como é ficar 10 anos sem gravar e voltar a lançar um Cd, sendo que hoje o mercado está super faturado e a imprensa não é a mesma?
Na verdade não fiquei 10 anos sem gravar, nos anos 90 trabalhei com música. A tv é que não vinha atrás de mim, ia atrás do sertanejo, do pagode, da dança da “Bundinha”, isto não é culpa minha, eu sempre costumo dizer que música não é tv, não adianta você assistir TV, ver um cara cantando e vendendo milhões. Isso pode ser nada para os músicos, você não pode achar que a Xuxa é a melhor cantora do Brasil, por ter vendido 5 milhões de cópias, então acho que a música e a mídia sejam coisas diferentes, que as pessoas sem conhecimento e que se deixam influenciar pela TV acham que é a mesma coisa. Então se o sujeito, não está na mídia, não significa que não está fazendo nada, os músicos podem estar trabalhando em outros setores, como a TV, compondo música sem por a cara na Tv e no Teatro.

4) Você acha que o esquema do “Jabá” nas rádios paira também sobre os domínios do rock?
Eu acho que é geral, não tem uma coisa ou outra, é tudo igual. Eu só acho triste, porque é a mesma coisa que dizer que só quem tem dinheiro pode aparecer no rádio, mas uma das razões para fazer uma pesquisa, procurar ouvir o que você quer sem esperar que a TV e o rádio apontem. Às vezes é tudo armado. Mas existem jabás legais e existem os jabás que realmente não tem nada haver, o músico tem que oferecer seu trabalho e tocar para a rádio, ou faz um som de graça eu acho interessante, a partir do momento que me dão dinheiro eu acho que não é interessante, porque senão a gente ia ter o João Paulo Diniz, o melhor cantor do país, por todos os milionários que quisessem virar músico, eu prefiro que seja feito de uma forma onde a rádio participe, fazendo um evento, ou um show e escolher um músico pela sua musicalidade e não pelo dinheiro que estão lhe oferecendo.

5) Você acha o Rock revolucionário?
Eu acho que hoje em dia não têm mais o que revolucionar em matéria de Rock, ele é como um grito de um adolescente, que vive em constante evolução, talvez seja ai uma confusão, hoje ninguém mais tem medo de cara feia, apesar do visual, às vezes falar mais alto do que a música, mas você não fica com medo de um roqueiro comendo morcego (alusão ao Black Sabbath). Você dá risada e fala: “Que palhaço”, então a coisa mudou um pouco, é mais ou menos como no tempo da ditadura, e agora, as pessoas que pensam desse jeito sobre o Rock In Roll. Ela tem que entender o que é e o que está acontecendo, você tem que ter umas posturas de qualquer forma políticas, de Rock, de lutar contra coisas que você sabe que todo mundo fala, mas eu não acredito que consiga fazer uma revolução, principalmente porque as coisas que fazem sucesso, geralmente são de grandes gravadoras, a revolução tinha que começar pelo principio do sucesso e eu acho isso muito difícil.

6) E a relação Sexo, Drogas e Rock In Roll tem fundamento?
Acho que hoje a gente tem um gráfico forte, uma coisa forte e termos de unanimidade de crime organizado, exatamente pela proibição e ao mesmo tempo nós temos um povo que não tem consciência, não tem educação para utilizar drogas e falam que liberar drogas seria uma coisa legal. Seria legal de repente o traficante ser desarmado, mas eu não sei até que ponto seria legal um país como o Brasil, nós teríamos que escolher entre dar dinheiro pro traficante ou liberar as drogas, já que o tráfico não pára e a polícia, não toma medidas cabíveis. Então eu não sei como é, a droga é uma coisa que ta presente em todos os lugares, acho que não é uma coisa ligada ao Rock. Ela está ligada em vários tipos de trabalho, não só com a música, mas em todos os ramos da sociedade, acontece desde os tempos dos Egípcios, não têm muito que falar, só que as pessoas têm que ter consciência para usar qualquer tipo de droga e principalmente ter consciência qual é a droga que mais prejudica.
Sendo o álcool uma droga licita e a que mais prejudica o homem, o álcool que é considerado uma das drogas mais fortes que existem e é só ir ao médico que ele vai lhe falar, que é até mais forte que a cocaína e outras coisas que são proibidas, então existe uma hipocrisia, que você compra um carro que anda a 270 Km sendo que você só pode andar a 120 Km.
Então é mais ou menos por aí, as coisas são feitas para serem burladas, para nós enganar, então eu vejo muita hipocrisia nessas coisas de droga e não vejo mais a droga só relacionada ao Rock In Roll, porque não ao samba e sertanejo!

7) Qual o papel do Rock hoje para o crescimento cultural dos jovens? É apenas lazer ou há um significado maior?
Eu acho que o essencial do rock é a juventude, quando se fala o que os jovens querem, isto é Rock In Roll! Então ele é rock porque ele faz umas maluquices, é uma questão de atitude. O estilo Rock fala o que os jovens querem do mundo, o adolescente para ser adulto tem que lutar por algo maior, eu não acredito muito na adolescência sem um pouco de rebeldia. Os jovens devem perceber as coisas erradas, e saber quais serão suas necessidades no futuro.

8) Aos jovens que queiram trabalhar com música no futuro, o que você tem a lhes dizer?
Principalmente eles devem se autocriticar, pois nada é fácil, tem que pensar da mesma forma que um jogador de futebol, que em 1 em 1 milhões da certo. Você tem que ter confiança no seu trabalho, porque às vezes não rola. Primeiro não ouvir só a opinião dos familiares, tem que procurar opiniões de pessoas que não sabem quem você é, ter uma crítica sincera. Para saber o caminho certo.

9) Um momento marcante na história do Rock?
Bons têm vários. Quando eu ouvi Rolam as pedras em 1985, teve o "Hey Judy" que foi um sucesso nacional, qualquer lugar que eu aparecia era muito forte. Depois tivemos o Rock In Rio que foi um sucesso, com o acústico, junto com o Capital Inicial. Grandes momentos em 1997, uma coisa que a mídia não sabe é que eu concorri ao prêmio de melhor trilha de teatro de São Paulo, entre 450 peças, que foi para mim, uma conquista um artista pop, vindo a ser indicado entre muitas peças.

10) Algum Disco Novo?
Eu acho legal estar na mídia, não vou lançar um CD a cada ano. É legal porque tenho um público desde jovens até adultos.

11) O que você tem a dizer aos leitores de revistas de Rock?
Procurem ouvir e ler sobre bandas novas e não se guiem somente pela TV. Descobrindo músicas boas, vindas de bandas não muito divulgadas. Novos talentos o rock e de outros gêneros. Esse negócio de cover é muito bonitinho, mas não rola muito. Se dermos mais valor ao imitador cadê o artista? Cadê o criador? Procurem dar mais valor ao criador, porque do jeito que está dificilmente nós vamos ter coisas novas boas.

12) Preconceito Mídia e Rock?
Isto já acabou, é normal a aglomeração, às vezes acontece algum incidente. Mas os problemas acontecem em qualquer show. Existem várias vertentes o Rock, ele não é tido mais como algo demoníaco.

13) Uma música marcante?
A música "Primeiros Erros", ela foi lançada três vezes e as 3 vezes foram um sucesso. É uma música forte e que reflete um pouco do mundo que vivemos.

14) Fãs e Relacionamentos?
Eu não tenho postura de galã, eu curto mesmo é tocar, e não alimento nenhum sentimento dos fãs. Quando acontece de alguém me chamar de Deus, eu não gosto dessas coisas, eu não sou mito. Não apoio e não correspondo.
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Fonte: Gosto de Ler

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