25 de fev. de 2010

A Música no Mundo e no Brasil - Parte 19

Volto a falar sobre a história da música no mundo e no Brasil, hoje com destaque para o surgimento dos Mutantes, continuando o capítulo anterior.

No ano de 1966, com o nome de Os Seis e com Mogguy no lugar de Suely, o grupo gravou, pela Continental, o compactor Suicida / Apocalipse. Após as gravações, mesmo contra a vontade do grupo, a gravadora lançou o compactor que acabou sendo um fracasso, vendendo menos de 200 cópias.

No dia 15 de outubro de 1966, se apresentaram no programa "Pequeno Mundo", de Ronnie Von, já sem Mogguy, Rafael e Postura e com o novo nome que refletia as mudanças: Os Mutantes. Em 1967, o grupo acompanhou Gilberto Gil no 3º Festival da Record, obtendo a 2ª colocação com a música "Domingo no Parque".

A partir daí começaram os LPs: Os Mutantes (1968) com "Batmacumba" e "Panis Et Circensis"; Os Mutantes (1969) com "2001" e "Dom Quixote e Rita Lee"; A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970) com "Ave Lúcifer". Entra para o até então trio, o baterista Ronaldo Leme (o Dinho). Veio o LP Jardim Elétrico (1971) com o sucesso "Top Top" e "Virgínia e El Justiciero". Entrou para a banda mais um integrante: o baixista Liminha (que atualmente é produtor de diversos artistas). Arnaldo largou o baixo e passou aos teclados.

Em 1972, lançaram Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets com o maior sucesso da banda: "Balada do Louco". No mesmo ano lançaram ainda Hoje É o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida, que é também tido como o primeiro disco solo de Rita Lee, pois todos participaram das gravações.

Em 1973 montaram um aparato de 2 mil watts de potência sonora para um show. Foi a primeira vez que uma banda fazia isso no Brasil e foram comparados ao Pink Floyd. Gravaram o que seria o sexto álbum da banda, mas a gravadora resolveu não lançar o trabalho, alegando que nenhuma faixa era comercial e que eles estavam muito envolvidos com drogas.

De fato, Arnaldo Dias não conseguiu continuar e para seu lugar foi convidado Manito (ex- Os Incríveis) que também não deu certo. Veio Túlio Mourão que tocava na banda Veludo Elétrico. O baterista Dinho saiu e, para seu lugar, veio Rui Mota, também do Veludo Elétrico.

Em 1974, Sérgio Dias brigou com Liminha que resolveu também sair da banda. Sérgio se viu com dois "estranhos" para tocar e resolveu camar mais um "ex-Veludo Elétrico": Antônio Pedro. Com essa formação, gravaram ainda em 1974, o LP Tudo Foi Feito Pelo Sol, que seguia a tendência do rock progressivo na época, com faixas enormes e muita viagem de ácido lisérgico (o LSD).

Em 1976 saem do grupo os integrantes Túlio Mourão e Antônio Pedro, sendo substituídos por Luciano Alves e Paul de Castro. O resultado foi um LP ao vivo que não decolou. Em 1977, houve uma conturbada viagem ao exterior e em 1978, a tentativa de Sérgio em voltar à formação original com Arnaldo que também não deu certo. Acabaram-se as mudanças e a banda.

O sempre lúcido Sérgio Dias explica: "Em 1977 ou 87, não me lembro bem, eu determinei o término de um ciclo, determinei a parada da minha banda... Mutantes então fechou suas portas e creio que foi um presságio do que estava vindo pela frente em termos de arte e cultura no Brasil e no mundo. Desde então tenho visto a vida de pessoas se distanciarem de seus próprios ideais e se corromperem em nome da sobrevivência. Eu paro e penso o que teria feito Einstein, Hendrix, Thomas Jefferson, Da Vinci e tantos outros que provaram que seus ideais, talvez no fim, os levassem às situações difíceis e penosas, mas o seu fruto sempre foi e será eterno...".

Próxima semana, retorno com o surgimento de outras bandas da década de 1970 no Brasil, com destaque para O Terço.



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