31 de mar. de 2010

Rômulo Fróes na Revista Bravo!


Rômulo Fróes - Para Fazer Sucesso

O compositor Rômulo Fróes
Compositor talentosíssimo, faz uma síntese inovadora entre tradição e modernidade.
(Por Flávio Júnior e Márcio Orsolini)



O samba, escreveu Vinicius de Moraes numa letra famosa, é "a tristeza que balança". A frase de Vinicius é, de certa forma, a chave para interpretar a música ao mesmo tempo suingada e introspectiva de Rômulo Fróes.


Rômulo tem a alma dos revolucionários da MPB. Ele sabe que o pré-requisito para qualquer revolução é um mergulho aprofundado na tradição. Mais ou menos como fez João Gilberto, que inventou um estilo diferente de cantar e tocar a partir da divisão melódica inovadora do cantor Orlando Silva. A tradição sobre a qual Rômulo se debruça é a do samba, mas não apenas ela. Em seu endereço no MySpace estão alguns de seus heróis: Nelson Cavaquinho, Zé Kéti, Paulinho da Viola. Mas também New Order, The Clash, The Smiths, Echo and the Bunnymen. Essa mistura entre as tradições do pop e da MPB fecunda suas surpreendentes composições.


Quando João Gilberto surgiu, poucos admitiam que sua música fosse "samba". O mesmo acontece com Rômulo. Ele iniciou a carreira tocando numa banda de sambistas, que depois romperam com ele por achar que suas músicas não se Enquadravam no estilo. Suas composições realmente evitam os clichês do gênero. Trazem à tona, em vez disso, suas sutilezas. À primeira vista, por exemplo, a canção Tudo o que Pesa parece renegar a batucada forjada nos morros cariocas, embora de forma irônica. A letra diz, como a dialogar com o estilo musical: "Lança/ Na correnteza o que eu não posso carregar/ Samba/ É da tua natureza". Está ali, no entanto, o contraste entre tom maior e tom menor, sons alegres e sombrios, que é uma pedra de toque dos sambas-enredo. Em Mulher sem Alma, Rômulo revive a maneira elegante com que os bambas das escolas retratam a dor de amor. Embora a instrumentação lembre o choro, a bateria, com suas potentes viradas, parece estar tocando outra música. O contraste enfatiza o que Rômulo é: um revolucionário, na forma mais sutil e, por isso, mais possante do termo.


Até hoje Rômulo não vive de música. Ele trabalhou muito tempo como bancário, mesma profissão de seu pai, para bancar a faculdade de artes plásticas. Achou que estava muito distante de sua vocação, pediu para ser demitido. Isso ocorreu em 1994. Durante cinco meses, Rômulo se manteve com o dinheiro da indenização, até que um amigo o indicou para trabalhar como assistente do artista plástico paulista Nuno Ramos, com quem está até hoje. Trabalhou de graça por um ano, já que Nuno, então em início de carreira, não tinha condições de pagar um salário ao novo contratado. Percebendo a situação financeira instável de Rômulo, Nuno conseguiu para o amigo um emprego numa produtora de filmes publicitários. Foi lá que Rômulo conheceu o artista plástico paulista Eduardo Climachauska, o Clima, que trabalhava como diretor de arte.


Nuno e Climachauska são os letristas dos dois primeiros CDs de Rômulo, que logo se tornou um dos compositores preferidos dos intérpretes da nova geração. Cantoras como Nina Becker, Andréia Dias, Thalma de Freitas e Mariana Aydar já receberam músicas assinadas por ele. O compositor prepara o lançamento do próximo trabalho, ainda sem data definida. Batizado de No Chão, sem o Chão, o disco duplo conta com 33 músicas. A ambição de Rômulo, de 37 anos, é grande. "Não gosto de coisas por diversão. Esse negócio de dizer que um disco foi feito sem pretensão não dá. Meu objetivo é ser o maior artista brasileiro de todos os tempos, abaixo do Tom Jobim."
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Extraído da Revista Bravo!. Edição de julho/2008.

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