19 de mai. de 2011

A Música no Mundo e no Brasil - Parte 64

O carnaval é uma festa popular, coletiva, realizada anualmente nos três dias que antecedem a Quaresma, do domingo da quinquagésima à Quarta-Feira de Cinzas.

Reveste-se de características próprias segundo o lugar em que ocorre. Distinguem-se, entre si, os carnavais de Nice, Veneza, Roma, Florença, Nova Orleans e Brasil, mais precisamente em nosso país. No Rio de Janeiro, hoje, o evento mais importante do carnaval são os bailes de salão e os desfiles das escolas de samba (que vimos na semana passada). Em Salvador, na Bahia, predomina o carnaval de rua, ao som de trios elétricos, ao som e ritmo dos blocos afro-brasileiros de afoxés, entre outros. Em Pernambuco, sobretudo em Olinda e no Recife, o que domina são os blocos de frevo e maracatu.

Considera-se o carnaval uma reminiscência das festas dionisíacas da Grécia Antiga dos bacanais, saturnais e lepurcais romanas, todos de caráter orgiástico. São apontadas também ligações com as festas dos doidos e das danças macabras medievais, sendo provável que todas essas formas de divertimento tenham-se transformado, tempos afora, nos bailes de máscaras do renascimento e nos carnavais dos tempos modernos.

No Brasil, o carnaval foi introduzido pelos portugueses, provavelmente no século XVII, com o nome de "entrudo". Essa forma de brincar, que persistiu durante a Colônia e a Monarquia, consistia num folguedo alegre, mas violento. As pessoas atiravam, umas nas outras, água com bisnagas ou limões de cera e depois pó, cal e tudo que tivessem às mãos. Combatido como jogo selvagem, o entrudo prevaleceu até aparecerem objetos menos agressivos como o confete, a serpentina e o lança-perfume. Daí em diante, o carnaval do Rio de Janeiro foi inovando e, em 1840, realizou-se o primeiro baile.

Em 1846, surgiu o Zé Pereira, grupo dos foliões de rua com bombos e tambores. Vieram depois os cordões, as sociedades carnavalescas, blocos e ranchos. O corso, hoje desaparecido, consistia num desfile de carros pelas ruas da cidade, todos de capota arriada, com foliões fantasiados atirando confetes e serpentinas uns nos outros. Em 1929, com a fundação da primeira escola de samba (Deixa Falar) no bairro carioca de Estácio, o carnaval passou a ter, como ponto alto, o desfile dessas entidades.

Até o fim do século XIX, os foliões dançavam e cantavam nas ruas quadrinhas anônimas, ao ritmo de percursão e ao som de bandas. Foi a partir de "Abre-Alas" (1899), da maestrina Chiquinha Gonzaga, que a folia passou a ser animada por composições especialmente elaboradas para ela: são a marcha-rancho, o samba, a marchinha, a batucada e o samba-enredo no Rio de Janeiro; e o frevo, de rua ou de salão, característico do carnaval pernambucano.

Próxima semana começarei a falar dos festivais de música no Brasil. Até lá!


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