Nascida no coração do povo, a música brasileira ressoa no mundo *
3ª parte:
A chegada da Corte Portuguesa estimulou fortemente a vida musical no Rio de Janeiro. Brilhou, então, o gênio de outro mestiço autodidata, o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830).
O primeiro e o segundo Impérios foram épocas de gestação de um estilo brasileiro na canção, que floresceu na forma da modinha e do lundu. O fim do século XIX viu triunfar o talento e a sólida formação (predominantemente italiana) de Carlos Gomes (1836-1896), autor de óperas célebres como "Fosca", "Lo Schiavo" e "O Guarani".
Os compositores da virada do século prepararam o caminho para a eclosão do fenômeno que foi Heitor Villa-Lobos. O maior compositor brasileiro nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1887 e iniciou-se como violoncelista e pianista. Na adolescência fazia serestas pelas noites cariocas com um grupo de chorões.
Estudou por sua própria conta harmonia, contraponto, composição, orquestração e instrumentação. Durante três anos viajou pelo interior do Brasil, ouvindo e anotando músicas que ouvia. Conheceu de perto nosso folclore, a música negra, a índia, a urbana.
Autor de obra imensa que abrange quase todos os gêneros, logrou a síntese entre as influências e técnicas da vanguarda européia e a valorização dos temas, da natureza e da vida brasileiros. Entre suas obras citam-se: as "Bachianas", "Choros", a música de câmara, as "Cirandas", o "Uirapuru", "O Descobrimento do Brasil", e outras obras que fazem parte do patrimônio da humanidade. Villa-Lobos faleceu em 1959.
A partir do Modernismo, a música brasileira diversificou-se, e a palavra de ordem antropofágica frutificou na forma de uma arte musical equidistante entre o nacional e o eclético, com grandes nomes como Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), Cláudio Santoro (1919-1989), Francisco Mignone (1897-1986), entre outros.
Próxima semana continua a quarta e última parte deste artigo.
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* Texto de Gilda Oswaldo Cruz (musicóloga e pianista)
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