2 de set. de 2009

Maria Gadú em Entrevista na Época

Colo aqui a entrevista com Maria Gadú para a revista Época, realizada no dia 22 de agosto de 2009:

ÉPOCA - Você começou cantando em barzinhos muito nova? Era permitido você trabalhar aos 14 anos?
Maria Gadú - Ah, boteco não tem muito disso. Eram lugares menores. Nunca tive problema. Tenho 1,70 m de altura. E, aos 14 anos, já tinha essa altura, que, para uma mulher, até que não é tão baixinha.


ÉPOCA - O que você cantava nessa época? Recebia muitos pedidos de músicas?
Maria - Eu cantava Chico, Caetano, Milton Nascimento, Marisa Monte, Rita Lee, Lenine. Rolavam muitos bilhetinhos no guardanapo, sim. Mas era gostoso. Apesar de passar anos e anos cantando as mesmas músicas, não tenho nenhum trauma dessa época. Era muito bom.


ÉPOCA -Como você chegou a Som Livre?
Maria - Eu conhecia a Tânia Mara e o Rafael Almeida (ator e cantor, irmão de Tânia) de São Paulo. A gente tocou várias vezes juntos. Quando me mudei para o Rio, acabei entrando em contato com a Tânia, que havia se casado com o Jayme Monjardim e estava morando no Rio também. Fui um dia tocar na casa deles. O Jayme estava fazendo a pré-produção da minissérie Maysa e me convidou para fazer uma participação na minissérie como uma cantora de boate. Acabei cantando em um workshop que ele fez para apresentar o trabalho à imprensa. Nesse dia, estavam lá alguns executivos da Som Livre, que gostaram e me chamaram para gravar.


ÉPOCA - E você gostou da experiência de participar da minissérie Maysa? Tem vontade de ser atriz também?
Maria- Foi muito divertido. A Maysa é fantástica. A minissérie tinha aquele cheiro de outra época que me encanta. Mas foi só isso. Para ser ator, é preciso nascer com o dom. E eu não tenho isso. E, outra: minha timidez nunca me permitiria ser atriz.


ÉPOCA - O disco traz oito canções suas, nenhuma delas você compôs em parceria. Você prefere criar suas músicas sozinha?
Maria - Não é que eu prefira. Geralmente, quando as ideias surgem, estou sozinha. E vem tudo junto: letra, música, melodia. Detesto ter que ficar “ralando” em cima de uma canção. Tenho algumas composições com outros compositores. Estou conhecendo uma galera que escreve e estou achando divertido. Devem aparecer outras composições em parceria por aí.


ÉPOCA - A primeira música de trabalho do CD é Shimbalaiê, que você fez aos 10 anos de idade. Ela estava guardada esperando uma oportunidade?
Maria - É. Foi minha primeira composição. Meu primeiro susto. Mas eu não gostava dela, achava horrorosa. Quando fui gravar o CD, o Rodrigo Vidal, que é o produtor, pediu que eu mostrasse todas as minhas composições. Ele queira saber qual era a primeira. Relutei em mostrar. Aí ele decidiu que íamos gravar. Hoje em dia até gosto dela...(risos)


ÉPOCA - No seu disco, você mistura vários ritmos, como maracatu, samba, reggae, pop. Quais são as suas influências? O que você gosta de ouvir?
Maria - Ouço de tudo. Sem preconceito algum. Sou uma nerd. Gosto de pesquisar, fuçar aquilo que não está ao alcance de todos. Agora, conheci o Lokua Kanza, um cantor e compositor do Congo. Ele é absurdamente fantástico. Estamos trocando figurinhas, ele está me mostrando músicas da África. Estou adorando.


ÉPOCA - A música Dona Cila é uma canção de despedida para sua avó. Como é essa história? Maria - Na vida, sempre fui eu, minha mãe e minha avó. Fui criada com ela, que me ensinou tudo, desde música até como me relacionar com as pessoas. Ela morreu há três anos e fiz essa canção um mês antes de ela partir. Ela nem chegou a ouvir. Na juventude, ela foi cantora lírica, acabou perdendo a voz mas foi quem me ensinou a cantar.


ÉPOCA - Você está sendo apontada como uma das grandes revelações da MPB neste ano. Nomes como Milton Nascimento e Ana Carolina já a elogiaram. Como encara isso logo no seu disco de estreia? Sente uma responsabilidade a mais?
Maria - Responsabilidade sempre tem. É muito íntimo me expor no disco. É meu lado mais sensível. Mas é do c.... uma galera dessa me elogiar, ir aos meus shows. Fico lisonjeada. Se a opinião fosse negativa, também iria respeitar muito.


ÉPOCA - O Brasil é conhecido como a país das cantoras e, nos últimos anos, vários nomes surgiram no mercado. O que uma cantora precisa ter para ganhar destaque?
Maria - Não encaro dessa forma. Gravar disco para as pessoas gostarem ou ficar famoso é uma besteira muito grande. Se você fizer algo que não o agrada, vai carregar esse erro pelo resto da vida. Acho que o artista deve pensar por si. Fazer aquilo que é verdadeiro e não criar expectativas.


ÉPOCA - Por que resolveu regravar Baba, da Kelly Key?
Maria - Eu gosto dessa música. Fiz uma versão minha. Nada de mais. As pessoas têm essa mania de separar os estilos, separar os gostos. Música é música.


ÉPOCA - No encarte do CD, você agradece carinhosamente a Marisa Monte. Ela tem ajudado nesse começo de carreira?
Maria - Ela é minha diva-mor. Mesmo à distância, ele ajudou muito na minha formação. A Marisa é uma pessoa que sempre teve bom senso para cantar, para escolher repertório. Não a conheci pessoalmente. Temos um amigo em comum. Ela disse que gostou do disco.


ÉPOCA - Você vai participar do DVD da Ana Carolina?
Maria - A Ana me chamou para participar de um DVD que comemora os seus 10 anos de carreira. Vou cantar uma música dela que chama "Mais Que Isso"



Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/





Um comentário:

Anônimo disse...

maria gadú é uma cantora fascinante, canta muito, e compõe maravilhosamente bem.
ouço quase todo dia, gosto muito do cd dela , lá num tem uma música pra fazer sucesso e as outras pra acompanhar, são todas as músicas boas e linda ( até a da kelly kye fico boa.)

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