17 de set. de 2009

A Música no Mundo e no Brasil - Parte 4

Ao falarmos sobre música aleatória ou improvisada, o compositor libera um ou outro aspecto da estrutura musical (ritmo, elementos harmônicos-melódicos, andamento), deixando os intérpretes livres para criá-los na hora da execução.

Os processos aleatórios modernos reintroduzem o subjetivo e o incerto na obra musical, de onde haviam sido banidos pelas experiências sonoras eletrônicas que produzem "música sem acaso". Retomam a tradição da improvisação em música, representada nos séculos XVII e XVIII pelo baixo-contínuo e pela capacidade que qualquer músico sério adquiria então de improvisar no órgão ou no piano.

O compositor oferece ao intérprete um simples texto provisório que ele combina de acordo com sua inspiração, variando os resultados ao infinito. São exemplos de música aleatória: o Móbile para dois pianos (de Boulez); Klavierstücke n°s 5 a 11 (de Stockhausen); Music for David Tudor para piano (de John Cage). Nesses casos, o compositor elimina a notação musical tradicional, substituindo-a por sinais (imagens, traços), destinados a estimular psicologicamente o intérprete, que os traduz então livremente. A segunda parte de Ukrinmakrinkrin, de Marlos Nobre, libera os valores de duração positivos e negativos (notas e pausas), deixando-os ao critério do regente e do intérprete.

Assim, Stockhausen e John Cage tornaram-se figuras importantes na criação e desenvolvimento da música aleatória ou improvisada. Ao contrário da música eletrônica, a música aleatória depende principalmente do intérprete. O compositor propõe alguns elementos rítmicos, harmônicos e melódicos, e o intérprete, a partir daí, cria sua própria interpretação. Por este motivo, não existem duas execuções iguais da mesma composição aleatória.

Próxima semana falarei sobre o grupo "Música Viva".



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