24 de set. de 2009

A Música no Mundo e no Brasil - Parte 5

A Música Viva foi um grupo organizado no Rio de Janeiro, em 1939 (numa época marcada pelo nacionalismo da ditadura de Getúlio Vargas), pelo músico e professor alemão Hans J. Koellreutter (embora já haviam pessoas ligadas ao mundo musical), para a divulgação das doutrinas e da música dodecafônicas no Brasil e porque os músicos envolvidos representavam a modernidade da música na época. Porém, iniciou-se um conflito interno, pois o desejo de Koellreutter era seguir uma direção voltada à vanguarda para as suas atividades. Seus expoentes, todos discípulos de Koellreutter, foram Cláudio Santoro, Guerra Peixe, Edino Krieger e Eunice Catunda, e defenderam seus objetivos através do "Manifesto 1946", da revista Música Viva, entre 1940 e 1941 (e uma nova fase em 1947), da organização de série de concertos, audições experimentais e programas radiofônicos. Dentre esses objetivos que destacaram foram de buscar cultivar a música contemporânea de todas as tendências, considerada como a expressão da época; de promover uma educação musical ampla, revendo conceitos e posições doutrinárias; e de lutar pela liberdade e pela criação de formas novas na música brasileira.


Segundo o Manifesto 1946, a Música Viva, admitindo o nacionalismo substancial como estágio na evolução artística de um povo, combate o falso nacionalismo em música, isto é, aquele que exalta as tendências egocêntricas e individualistas que separam os homens.


Mas o grupo não veio a tomar direções de um movimento de vanguarda anti-nacionalista. Muito pelo contrário, pois defendia um novo nacionalismo: o nacionalismo de vanguarda, rompendo com as tradições que existiam.


Em 1948, esse engajamento no movimento levou vários dos seus integrantes à Europa, para cursos no Centro Internazionale di Musica Contemporanea, em Milão, na Itália, e para participar do XI Festival Internacional de Música Contemporânea da Bienal de Veneza, quando Koellreutter atuou como assistente de seu ex-professor, o regente e músico alemão Hermann Scherchen (responsável pela denominação oficial da Música Viva).


Mesmo tendo sido representado como o primeiro movimento contra o nacionalismo musical tradicional, os principais componentes da Música Viva (Santoro e Guerra Peixe) se afastaram de Koellreutter, influenciados por uma forte corrente nacionalista e passaram a usar a linguagem aleatória (Santoro) ou tentado uma síntese entre as técnicas modernas de composição e a inspiração folclórica (Guerra Peixe).


Este assunto não se esgota por aqui. Na próxima semana iniciarei uma introdução sobre a música no Brasil e a Música Viva voltará a ser tema durante as discussões que se sucederem. Até lá.


Nenhum comentário:

Postar um comentário