15 de out. de 2009

A Música no Mundo e no Brasil - Parte 8

Por volta de 1922 houve, em todo o país, um violento desejo de renovação espiritual, de rompimento de amarras. Proclamou-se a independência cultural do Brasil, um século depois de sua independência política. O movimento concretizou-se durante a Semana da Arte Moderna, em São Paulo, na qual surgiu a figura de Heitor Villa-Lobos, representando as novas tendências musicais: a adoção das técnicas de vanguarda importadas da Europa e valorização do tema brasileiro.

Dentro do movimento nacionalista situa-se ainda: Oscar Lorenzo Fernandez, em cuja obra se nota a busca de equilíbrio entre a temática nativa e um conceito de forma herdado da tradição européia (o poema ameríndio Imbapara, de 1928; o poema sinfônico Reisado do Pastoreio, de 1930; a ópera Malazarte, de 1941). Ele foi também um dos maiores compositores de câmara com "Essa Negra Fulô", "Toada Pra Você", "Noite de Junho", entre outras. Outros destaques foram Francisco Mignone, que tem evoluído para uma linguagem musical universalista, e Camargo Guarnieri (com a ópera "Pedro Malazarte", de 1932), cujo nacionalismo tem um caráter subjetivo.

Radamés Gnatalli revela, em algumas composições, leves influências do impressionismo debussysta e, em sua técnica orquestral, processos de certos compositores de jazz, mas também sabe revesti-las de penetrante caráter nacional com "10 Brasilianas", para vários conjuntos. Outro nome que merece destaque é José Siqueira, que se dedicou com entusiasmo à composição, regência, organização de concertos, além de ter ajudado a fundar a Orquestra Sinfônica Brasileira, a qual foi presidente, entre 1940 a 1948.

Cláudio Santoro e César Guerra Peixe foram discípulos de H. J. Koellreutter, músico de origem alemã e radicado no Brasil, em 1937, sendo defensor do dodecafonismo. Fundou, no Rio de Janeiro, o grupo Música Viva (visto anteriormente), em 1939 e a revista do mesmo nome. Em São Paulo, formou um grupo de discípulos partidários da doutrina schönberguiana. Publicou o Manifesto 1946, no qual defendeu a música contemporânea, sobretudo, a de tendência atonal e logo após viria uma reação a esse movimento, influenciada por uma forte corrente nacionalista.

A nova geração de músicos brasileiros, surgida na década de 1960, formada por Marlos Nobre e Edino Krieger, ou pelos compositores de vanguarda, alunos de Oliver Toni, Willy Correia de Oliveira, Gilberto Mendes, Rogério Duprat e outros, abandonaram o nacionalismo folclorista e caminharam para o dodecafonismo, serialismo e música eletrônica, buscando (segundo Nogueira França em Música no Brasil, edição carioca de 1967) colocar nossa música dentro da estrita contemporaneidade. O que prova que a música no Brasil continua sendo a mais completa, forte e viva manifestação do gênio nacional.


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