Elemento ativo na queda do Muro de Berlim, o regente é uma lenda viva entre os músicos. Kurt Masur nasceu em 18 de julho 1927 em Brieg, na região da Silésia (hoje Brzeg, pertencente à Polônia). Descobriu sua paixão pela música ainda quando criança, aprendendo sozinho a tocar piano. Por desejo de seus pais, formou-se como eletricista, antes de começar a estudar música em 1942, em Breslau (Wrocław). Após a Segunda Guerra Mundial, mudou-se para Leipzig para estudar piano, composição e regência orquestral.
Leipzig iria permanecer um local importante na vida de Masur. Depois de trabalhar em Dresden, Schwerin e Berlim, assumiu em 1970 a direção musical da tradicional sala de concertos Gewandhaus, cargo que ocupou por quase 30 anos. O trabalho com a orquestra da casa se tornou o fundamento de sua vida artística, como ele gosta de ressaltar. masur conseguiu dar à Orquestra da Gewandhaus de Leipzig uma nova fama mundial e um caráter único, conhecido e admirado por músicos e orquestras ao redor do mundo como o "som Gewandhaus".
Kurt Masur nunca se esquivou de tomar uma posição clara – nem na música, nem em questões sociais ou políticas. Como diretor musical da Gewandhaus, isso significou confrontar-se com as autoridades da Alemanha Oriental. Chegou a executar na década de 1970 as sinfonias completas de Dimitri Shostakovitch, compositor que caíra em desgraça nos países da Cortina de Ferro e especialmente na União Soviética.
Em 1980, ele lutou fervorosamente pela reconstrução da Gewandhaus, destruída na guerra, e protestou contra os planos das autoridades culturais de Berlim Oriental que queriam,construir no lugar um dos pavilhões multiuso comuns na Alemanha comunista. Ele conseguiu vencer a queda de braço e pôde, em 1981, inaugurar a nova Gewandhaus, com a estreia mundial da Terceira sinfonia de Alfred Schnittke, mais uma vez contra a vontade dos membros do regime.
Quando em 1989, nos últimos dias da Alemanha Oriental, o número de participantes nas manifestações por democracia em Leipzig crescia cada vez mais, e o governo ameaçava oprimir o protesto pacífico no dia 9 de outubro, enviando mais de 8 mil policiais e soldados do Exército, Kurt Masur foi coautor do manifesto "Keine Gewalt" ("Sem violência"), que leu numa rádio local de Leipzig.
Com a queda do Muro de Berlim, começou para Kurt Masur uma carreira internacional de ritmo acelerado. Ele se tornou um dos regentes mais requisitados do mundo. No início de 1990, assumiu a Filarmônica de Nova York, sucedendo Arturo Toscanini e Leonard Bernstein, Em 2000, se tornou maestro titular da Filarmônica de Londres, e em 2002, diretor musical da Orchestre National de France, em Paris.
Perto de completar 87 anos de idade no próximo dia 18 de julho, Kurt Masur não pensa em pendurar a varinha, apesar da idade. Ele afirma que perderia muito: música é, para ele, como o ar que respira.
-------------------------------------------------------------------Extraído do site dw.de (com adaptações).
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