19 de set. de 2010

Vandré e os festivais



Geraldo Vandré - Disparada


No dia 31 de março de 1964, ocorreu no Brasil a implantação do Regime Militar, diante da crise política que assolava o país que resultou no afastamento do Presidente da República João Goulart e tendo assumido o poder o Marechal Castelo Branco.

Geraldo Vandré fez sua estréia oficial na música neste ano, com o lançamento de seu primeiro disco homônimo, com destaque para "Fica Mal com Deus", "Pequeno Concerto Que Virou Canção" e "Menino das Laranjas", entre outras, tornando-se autor de canções líricas ou de forte conteúdo social. Só no ano seguinte é que faz sua estréia nos festivais de mpb.

Vários foram até agora os festivais importantes de música popular realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. O primeiro deles foi o I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior de São Paulo, realizado em abril de 1965, onde a música vencedora foi "Arrastão", de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, interpretada por Elis Regina.

Foi aí que Geraldo defendeu, pela primeira vez, uma composição de Chico Buarque com a música "Sonho de um Carnaval". No mesmo festival, inscrevera sua composição "Hora de Lutar", mas que não foi classificada, sendo incluída, juntamente com a música de Chico, no segundo disco do cantor, gravado no mesmo ano pela gravadora Continental. Geraldo ainda compôs a trilha sonora do filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Roberto Santos e estrelado pelo ator Leonardo Villar, adaptado da obra "Sagarana" de Guimarães Rosa.

Em 1966, Geraldo se torna conhecido do grande público após lançar o seu terceiro disco Cinco Anos de Canção. O carro-chefe foi o marcha-rancho "Porta-Estandarte" que venceu em novo Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Excelsior de SP no mesmo ano, sendo defendida pelos cantores Tuda e Aírton Moreira. Vandré e Fernando Lona, compositores da música fizeram jus ao Prêmio Berimbau de Ouro pela vitória, como também de 20 milhões de cruzeiros velhos (moeda da época). Logo depois, o cantor inicia sua turnê pelo Nordeste, juntamente com o Trio Novo, formado pelos instrumentistas Théo de Barros, Heraldo do Monte e Aírton Moreira (mais tarde Hermeto Paschoal faria parte, mudando o nome para Quarteto Novo).

Entre setembro e outubro deste ano, foi realizado pela TV Record o que seria realmente o III, mas que passou a ser considerado o II Festival de Música Popular Brasileira em que premiava o vencedor com a Viola de Ouro, além de 30 milhões de cruzeiros velhos. A amizade e parceria de Geraldo com Théo de Barros resultou na composição "Disparada", tendo inscrita e chegado ao final deste festival, ganhando o 1º lugar, defendida pelo cantor Jair Rodrigues, Trio Novo e Trio Marayá. O crítico musical Zuza Homem de Mello, em seu livro "A Era dos Festivais - Uma Parábola", da Editora 34, conta que a música vencedora seria a de Chico e fala dos bastidores que levaram o júri a mudar a votação de 7x5 para 6x6 que culminou no empate entre "A Banda" e "Disparada", que era a preferida do público.

Nesta música, Geraldo buscou comparar as classes mais pobres com as mais ricas no tocante às formas de exploração numa temática sertaneja, em ritmo de galope. No festival mencionado, "Disparada" concorreu com a música "A Banda", de Chico Buarque, defendida pelo mesmo e pela cantora Nara Leão que ganhou no júri, mas acabou dividindo a primeira colocação por imposição do próprio Chico, diante de uma platéia dividida.

Já no Rio de Janeiro, em outubro do mesmo ano, foi realizado no estádio do Maracanãzinho, o I Festival Internacional da Canção, onde foi vencedora a música "Saveiros", de Dori Caymmi e Nelson Motta, cantada por Nana Caymmi, ganhando o prêmio Galo de Ouro. Geraldo Vandré obteve a segunda colocação com a música "O Cavaleiro", parceria dele com Tuca que foi o intérprete. No ano seguinte, Geraldo Vandré ganhou um programa próprio denominado "Disparada", pela TV Record de São Paulo, dirigido por Roberto Santos.



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