Compositor brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1887, Heitor Vila-Lobos aprendeu violoncelo, clarinete e noções de teoria musical com seu pai Raul Vila-Lobos que era músico, funcionário da Biblioteca Nacional e fundador da Sociedade de Concertos Sinfônicos do Rio de Janeiro.
As primeiras impressões musicais de Heitor, ainda menino, datam de uma estada da famíliano interior do estado do RJ e em Minas Gerais com música negra e canções sertanejas. Os saraus musicais na casa de seu pai tiveram influência decisiva sobre a formação musical do filho que, aos 8 anos de idade, já admirava os prelúdios e fugas do "Cravo Bem Temperado", de Bach. Após a morte do pai em 1899, nem as dificuldades econômicas e nem a incompreensão familiar conseguem impedir sua irresistível vocação musical. No mesmo ano já começa a compor.
Aos 14 anos de idade, toca em conjuntos instrumentais populares tocando choro, em 1903 estréia como violoncelista profissional numa orquestra do teatro Recreio e ganha a vida tocando em cinemas, hotéis e cafés. Passa a viajar pelo Brasil conhecendo a música popular e volta ao Rio onde se matricula no curso de Harmonia do Instituto nacional de Música. Estuda partituras de grandes mestres, mas deixa-se sobretudo guiar por um instinto musical inovador e ousado, pois ignora quase totalmente as novas correntes do pensamento musical europeu.
Em 1915, realiza o primeiro concerto de suas obras compostas, cuja essência anti-romântica não é compreendida pelo público e pela crítica conservadora. Depois de 1917, começa a utilizarm os motivos musicais recolhidos junto ao povo ("Prole do Bebê nº 1" e "Carnaval das Crianças Brasileiras"). Participa agressivamente do movimento de renovação cultural da Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo, organizando quatro ou cinco programas de primeiras audições dem suas obras. Logo depois, adota definitivamente a temática nacionalista com "Soneto", "Choros", "Serestas Cirandas".
Viaja para a Europa entre 1927 e 1930, firmando sua reputação entre as vanguardas musicais, chegando a conhecer grandes compositores da música erudita como Stravinsky, De Falla, entre outros. De volta ao Brasil, Vila-Lobos tem a idéia de reagir contra o estado da cultura musical do país. Seu plano compreendia a audição de música sinfônica contemporânea, sobretudo o ensino de canto orfeônico à juventude das escolas primárias. Após dois anos de intensa atividade em São Paulo, retorna ao Rio de Janeiro para dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística (S.E.M.A.), fundada por Anísio Teixeira. Faz propaganda em prol do canto coral e funda a orquestra Vila-Lobos em 1933.
Com o passar dos anos, dirige vários concertos, cria o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (1942), onde se torna diretor até fundar, em 1945, a Academia Brasileira de Música. Seu prestígio artístico e popular cresce cada vez mais, inclusive no estrageiro com viagens para participar de congressos ou dirigir concertos na Europa, nos países sul-americanos (Argentina e Uruguai), nos Estados Unidos e em Israel.
Profundo conhecedor de seu país, Vila-Lobos iniciou o modernismo musical no Brasil, redescobriu o folclore, mas superou-o também, num esforço vigoroso de imaginação que o levou a criar uma temática popular original. Sua obra imensa e produções técnicas avançadas de composição produzem efeitos surpreendentes e traduzem um delicado e íntimo lirismo. Faleceu no Rio de Janeiro em 1959.
Suas principais composições compreendem a música dramática com óperas ("Aglaia", de 1909; "Elisa", de 1910; Yerma, de 1956) e bailados ("Uirapuru", de 1917; "Pedra Bonita", de 1933); música coral-sinfônica ("Tiradentes", de 1939); música orquestral ("Amazonas", de 1917, além de 12 sinfonias, poemas sinfônicos e outros); música sacra ("Marchas Religiosas", feitas entre 1915 e 1918, além de coleções de 23 cânticos sacros de diferentes épocas, seis corais à capela, entre outros); músicas de câmara; música vocal; música para piano; além de choros e bachianas brasileiras.
Na próxima semana falarei da vida e da obra de Bach. Até lá!
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